terça-feira, 27 de abril de 2010
quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
E não só os trabalhadores, mas também as classes que os exploram diretamente ou indiretamente, que são escravizadas pelos instrumentos de suas atividades, como resultado da divisão de trabalho: os burgueses mesquinhos, por seu capital e desejo por lucro; o advogado pelas idéias jurídicas ossificadas que o governam como uma força independente; ‘as classes educadas’ em geral, por suas limitações locais particulares e unilaterais, suas deficiências físicas e miopia espiritual. Estão todos mutilados pela educação que os treina para uma certa especialidade, pela escravização vitalícia a esta especialidade, até mesmo se esta especialidade é fazer absolutamente nada.
Friedrich Engels
Carta de Despedida
A Fidel Castro
Havana. "Ano da Agricultura"
Fidel:
Neste momento recordo muitas cousas: quando te conhecim em casa da Maria Antónia, quando me propugeche acompanhar-te, toda a tensom dos preparativos.
Um dia passárom perguntando a quem se devia avisar em caso de morte, e a possibilidade real do facto chocou-nos a todos. Depois soubemos que era certo, que numha revoluçom se triunfa ou se morre, se é verdadeira, e muitos companheiros ficárom ao longo do caminho para a vitória.
Hoje todo tem um tom menos dramático porque estamos mais maduros, mas o facto repete-se. Sinto que cumprim a minha parte do dever que me ligava à revoluçom Cubana no seu território e despido-me de ti, dos companheiros, do teu povo, que é já o meu.
Renuncio formalmente aos meus cargos na Direcçom do Partido, ao meu posto de ministro, ao meu grau de comandante, à minha condiçom de cubano. Nada legal me liga a Cuba, só laços de outra classe, que nom se podem partir como as nomeaçons.
Ao rever a minha vida passada, creio ter trabalhado com suficiente honestidade e dedicaçom para consolidar o triunfo revolucionário. O meu único erro com algumha gravidade foi nom ter confiado mais em ti desde os primeiros momentos da Sierra Maestra, e nom ter compreendido com celeridade suficiente as tuas qualidades de dirigente e de revolucionário.
Vivim dias magníficos e sentim ao teu lado o orgulho de pertencer ao nosso povo nos dias luminosos e tristes da Crise das Caraíbas. Poucas vezes brilhou mais alto um estadista que nesses dias; orgulho-me também de te ter seguido sem vacilar, identificado com a tua maneira de pensar e de ver e apreciar os perigos e os princípios.
Outras serras do mundo reclamam o concurso dos meus modestos esforços. Eu podo fazer o que te está negado pola tua responsabilidade à frente de Cuba e chegou a hora de separar-nos.
Saiba-se que o fago com umha mescla de alegria e dor: aqui deixo o mais puro das minhas esperanças de construtor e o mais querido entre os meus seres queridos, e deixo um povo que me admitiu como um filho; isso lacera umha parte do meu espíritu; aos novos campos de batalha levarei a fé que me inculcache, o espírito revolucinário do meu povo, a sensaçom de cumprir com o mais sagrado dos deveres: luitar contra o imperialismo onde quer que se encontre; isto reconforta e cura amplamente qualquer afliçom.
Repito mais umha vez que liberto Cuba de qualquer responsabilidade, salvo a que emana do seu exemplo; que se a hora definitiva me chega sob outros céus, o meu último pensamento será para este povo e especialmente para ti; que che digo obrigado polos teus ensinamentos e polo teu exemplo, ao que tentarei ser fiel até as últimas conseqüências dos meus actos; que estivem sempre identificado com a política externa da nossa Revoluçom, e continuo a estar; que onde quer que me detenha sentirei a responsabilidade de ser revolucionário cubano, e como tal actuarei; que nom deixo aos meus filhos e à minha mulher nada material e nom me apena: alegra-me que assim seja. Que nada pido para eles, pois o estado dará-lhes o suficiente para viver e educar-se.
Teria muitas cousas que dizer a ti e ao nosso povo, mas sinto que nom som necessárias as palavras e nom podem expressar o que eu desejaria; nom vale a pena deitar mais borrons no papel.
Até a vitória sempre. Pátria ou morte!
Abraça-te com todo o fervor revolucionário,
Che
Zaragoza, Ivald Granato e Raul Seixas
Metrô Linha 743
Raul Seixas
Ele ia andando pela rua meio apressado
Ele sabia que tava sendo vigiado
Cheguei para ele e disse: Ei amigo, você pode me ceder um cigarro?
Ele disse: Eu dou, mas vá fumar lá pro outro lado
Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado!
Disse: O prato mais caro do melhor banquete é
O que se come cabeça de gente
Que pensa e os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensam
Porque quem pensa, pensa melhor parado.
Desculpe minha pressa, fingindo atrazado
Trabalho em cartório mas sou escritor,
Perdi minha pena nem sei qual foi o mês
Metrô linha 743
O homem apressado me deixou e saiu voando
Aí eu me encostei num poste e fiquei fumando
Três outros chegaram com pistolas na mão,
Um gritou: Mão na cabeça malandro, se não quiser levar chumbo quente nos cornos
Eu disse: Claro, pois não, mas o que é que eu fiz?
Se é documento eu tenho aqui...
Outro disse: Não interessa, pouco importa, fique aí
Eu quero é saber o que você estava pensando
Eu avalio o preço me baseando no nível mental
Que você anda por aí usando
E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando
Minha cabeça caída, solta no chão
Eu vi meu corpo sem ela pela primeira e última vez
Metrô linha 743
Jogaram minha cabeça oca no lixo da cozinha
E eu era agora um cérebro, um cérebro vivo à vinagrete
Meu cérebro logo pensou: que seja, mas nunca fui tiéte
Fui posto à mesa com mais dois
E eram três pratos raros, e foi o maitre que pôs
Senti horror ao ser comido com desejo por um senhor alinhado
Meu último pedaço, antes de ser engolido ainda pensou grilado:
Quem será este desgraçado dono desta zorra toda?
Já tá tudo armado, o jogo dos caçadores canibais
Mas o negócio aqui tá muito bandeira
Dá bandeira demais meu Deus
Cuidado brother, cuidado sábio senhor
É um conselho sério pra vocês
Eu morri e nem sei mesmo qual foi aquele mês
Ah! Metrô linha 743
Open your eyes Leary: Turn On, Tune In, Drop Out!
Timothy Leary, O Guru do LSD. Ou como bem descreveu Richard Nixon: O homem mais perigoso da America. Sua primeira experiência psicodélica foi no verão de 1960 durante férias no México, com cogumelos alucinógenos conhecidos como Psilocybin. As horas sob efeito do cogumelo foram tão intensamente reveladoras a ponto de Leary ter convencido o Departamento de Psicologia de Harvard a iniciar uma pesquisa administrando Psilocybin a estudantes.
sábado, 4 de novembro de 2006
UIVO (HOWL!), para Carl Solomon
Primeira Parte
Por Allen Ginsberg/ tradução: Cláudio Willer
Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca uma dose violenta de qualquer coisa "hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz, que desnudaram seus Cérebros ao céu sob o Elevados e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,
que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror através da parede,
que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo com um cinturão de marijuana para Nova York, que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus torsos noite após noite
com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool e caralhos e intermináveis orgias, incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula e clarão na mente pulando nos postes dos pólos de Canadá & Paterson, iluminando completamente o mundo imóvel do Tempo intermediário, solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de quintal com verdes árvores de cemitério, porre de vinho nos telhados, fachadas de lojas de subúrbio na luz cintilante de neon do tráfego na corrida de cabeça feita do prazer, vibrações de sol e lua e árvore no ronco de crepúsculo de inverno de Brooklyn, declamações entre latas de lixo e a suave soberana luz da mente, que se acorrentaram aos vagões do metrô para o infindável percurso do Battery ao sagrado Bronx de benzedrina até que o barulho das rodas e crianças os trouxesse de volta, trêmulos, a boca arrebentada e o despovoado deserto do cérebro esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do zoológico, que afundaram a noite toda na luz submarina de Bickford's, voltaram à tona e passaram a tarde de cerveja choca no desolado Fuggazi's escutando o matraquear da catástrofe na vitrola automática de hidrogênio, que falaram setenta e duas horas sem parar do parque ao apê ao bar ao Hospital Bellevue ao Museu à Ponte de Brooklyn, batalhão perdido de debatedores platônicos saltando dos gradis das escadas de emergência dos parapeitos das janelas do Empire State da Lua, tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos e lembranças e anedotas e viagens visuais e choques nos hospitais e prisões e guerras,
intelectos inteiros regurgitados em recordação total com os olhos brilhando por sete dias e noites, carne para a sinagoga jogada na rua, que desapareceram no Zen de Nova Jersey de lugar algum deixando um rastro de cartões postais ambíguos do Centro Cívico de Atlantic City, sofrendo suores orientais, pulverizações tangerianas nos ossos e enxaquecas da China por causa da falta da droga no quarto pobremente mobiliado de Newark, que deram voltas e voltas à meia-noite no pátio da estação ferroviária perguntando-se onde ir e foram, sem deixar corações partidos, que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões de carga, vagões de carga que rumavam ruidosamente pela neve até solitárias fazendas dentro da noite do avô,
que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz, telepatia e bop-cabala pois o Cosmos instintivamente vibrava a seus pés em Kansas, que passaram solitários pelas ruas de Idaho procurando anjos índios e visionários que eram anjos índios e visionários, que só acharam que estavam loucos quando Baltimore apareceu em êxtase sobrenatural,
que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma no impulso da chuva de inverno na luz das ruas de cidade pequena à meia-noite, que vaguearam famintos e sós por Houston procurando jazz ou sexo ou rango e seguiram o espanhol brilhante para conversar sobre América e Eternidade, inútil tarefa, e assim embarcaram num navio para a África, que desapareceram nos vulcões do México nada deixando além da sombra das suas calças rancheiras e a lava e a cinza da poesia espalhadas na lareira Chicago, que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI de barba e bermudas com grandes olhos pacifistas e sensuais nas suas peles morenas, distribuindo folhetos ininteligíveis, que apagaram cigarros acesos nos seus braços protestando contra o nevoeiro narcótico de tabaco do Capitalismo, que distribuíram panfletos supercomunistas em Union Square, chorando e despindo-se enquanto as sirenes de Los Alamos os afugentavam gemendo mais alto que eles e gemiam pela Wall Street e também gemia a balsa de Staten Island, que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos, nus e trêmulos diante da maquinaria de outros esqueletos, que morderam policiais no pescoço e berraram de prazer nos carros de presos por não terem cometido outro crime a não ser sua transação pederástica e tóxica, que uivaram de joelhos no Metrô e foram arrancados do telhado sacudindo genitais e manuscritos,
que se deixaram foder no rabo por motociclistas santificados e urraram de prazer,
que enrabaram e foram enrabados por esses serafins humanos, os marinheiros, carícias de amor atlântico e caribeano, que transaram pela manhã e ao cair da tarde em roseirais, na grama de jardins públicos e cemitérios, espalhando livremente seu sêmem para quem quisesse vir, que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar mas acabaram choramingando atrás de um tabique de banho turco onde o anjo loiro e nu veio atravessá-los com sua espada, que perderam seus garotos amados para as três megeras do destino, a megera caolha do dólar heterossexual, a megera caolha que pisca de dentro do ventre e a megera caolha que só sabe ficar plantada sobre sua bunda retalhando os dourados fios intelectuais do tear do artesão, que copularam em êxtase insaciável com uma garrafa de cerveja, uma namorada, um maço de cigarros, uma vela, e caíram da cama e continuaram pelo assoalho e pelo corredor e terminaram desmaiando contra a parede com uma visão da buceta final e acabaram sufocando um derradeiro lampejo de consciência, que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas trêmulas ao anoitecer, acordaram de olhos vermelhos no dia seguinte mesmo assim prontos para adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas nos celeiros e nus no lago, que foram transar em Colorado numa miriade de carros roubados à noite, N.C. herói secreto destes poemas, garanhão e Adonis de Denver - prazer ao lembrar das suas incontáveis trepadas com garotas em terrenos baldios & pátios dos fundos de restaurantes de beira de estrada, raquíticas fileiras de poltronas de cinema, picos de montanha, cavernas ou com esquálidas garçonetes no familiar levantar de saias solitário à beira da estrada & especialmente secretos solipsismos de mictórios de postos de gasolina & becos da cidade natal também, que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram transportados em sonho, acordaram num Manhattan súbito e conseguiram voltar com uma impiedosa ressaca de adegas de Tokay e o horror dos sonhos de ferro da Terceira Avenida & cambalearam até as agências de emprego, que caminharam a noite toda com os sapatos cheios de sangue pelo cais coberto por montões de neve, esperando que se abrisse uma porta no Bast River dando num quarto cheio de vapor e ópio, que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos de apartamentos do Hudson à luz de holofote anti-aéreo da lua & suas cabeças receberão coroas de louro no esquecimento, que comeram o ensopado de cordeiro da imaginação ou digeriram o caranguejo do fundo lodoso dos rios de Bovery,
que choraram diante do romance das ruas com seus carrinhos de mão cheios de cebola e péssima música, que ficaram sentados em caixotes respirando a escuridão sob a ponte e ergueram-se para construir clavicêmbalos nos seus sótãos,
que tossiram num sexto andar do Harlem coroado de chamas sob um céu tuberculoso rodeados pelos caixotes de laranja da teologia, que rabiscaram a noite toda deitando e rolando sobre invocações sublimes que ao amanhecer amarelado revelaram-se versos de tagarelice sem sentido, que cozinharam animais apodrecidos, pulmão coração pé rabo borsht & tortillas sonhando com o puro reino vegetal, que se atiraram sob caminhões de carne em busca de um ovo, que jogaram seus relógios do telhado fazendo seu lance de aposta pela Eternidade fora do Tempo & despertadores caíram nas suas cabeças por todos os dias da década seguinte, que cortaram seus pulsos sem resultado por três vezes seguidas, desistiram e foram obrigados a abrir lojas de antigüidades onde acharam que estavam ficando velhos e choraram, que foram queimados vivos em seus inocentes ternos de flanela em Madison Avenue no meio das rajadas de versos de chumbo & o contido estrondo dos batalhões de ferro da moda & os guinchos de nitroglicerina das bichas da propaganda & o gás mostarda de sinistros editores inteligentes ou foram atropelados pelos táxis bêbados da Realidade Absoluta,
que se jogaram da Ponte de Brooklyn, isto realmente aconteceu e partiram esquecidos e desconhecidos para dentro da espectral confusão das ruelas de sopa & carros de bombeiros de Chinatown, nem mesmo uma cerveja de graça, que cantaram desesperados nas janelas, jogaram-se pela janela do metrô, saltaram no imundo rio Passaic, pularam nos braços dos negros, choraram pela rua afora, dançaram sobre garrafas quebradas de vinho descalços arrebentando nostálgicos discos de jazz europeu dos anos 30 na Alemanha, terminaram o whisky e vomitaram gemendo no toalete sangrento, lamentações nos ouvidos e o sopro de colossais apitos a vapor,
que mandaram brasa pelas rodovias do passado viajando pela solidão da vigília de cadeia do Golgota de carro envenenado de cada um ou então a encarnação do Jazz de Birmingham, que guiaram atravessando o país durante setenta e duas horas para saber se eu tinha tido uma visão ou se você tinha tido uma visão ou se ele tinha tido uma visão para descobrir a Eternidade, que viajaram para Denver, que morreram em Denver, que Retornaram a Denver & esperaram em vão, que espreitaram Denver & ficaram parados pensando & solitários em Denver e finalmente partiram para descobrir o Tempo & agora Denver está saudosa dos seus heróis, que caíram de joelhos em catedrais sem esperança rezando por sua salvação e luz e peito até que a alma iluminasse seu cabelo por um segundo, que se arrebentaram nas suas mentes na prisão aguardando impossíveis criminosos de cabeça dourada e o encanto da realidade nos seus corações que entoavam suaves blues de Alcatraz, que se recolheram ao México para cultivar um vício ou as Montanhas Rochosas para o suave Buda ou Tanger para os garotos ou Pacifico Sul para a locomotiva negra ou Harvard para Narciso para o cemitério de Woodlawn para a coroa de flores para o túmulo, que exigiram exames de sanidade mental acusando o rádio de hipnotismo & foram deixados com sua loucura & suas mãos & um júri suspeito, que jogaram salada de batata em conferencistas da Universidade de Nova York sobre Dadaísmo e em seguida se apresentaram nos degraus de granito do manicômio com cabeças raspadas e fala de arlequim sobre suicídio, exigindo lobotomia imediata, e que em lugar disso receberam o vazio concreto da insulina metrasol choque elétrico hidroterapia psicoterapia terapia ocupacional pingue-pongue & amnésia, que num protesto sem humor viraram apenas uma mesa simbólica de pingue-pongue, mergulhando logo a seguir na catatonia,
voltando anos depois, realmente calvos exceto uma peruca de sangue e lágrimas e dedos para a visível condenação de louco nas celas das cidades-manicômio do Leste,
Pilgrim State, Rockland, Greystone, seus corredores fétidos, brigando com os ecos da alma, agitando-se e rolando e balançando no banco de solidão à meia-noite dos domínios de mausoléu druídico do amor, o sonho da vida um pesadelo, corpos transformados em pedras tão pesadas quanto a lua, com a mãe finalmente e o último livro fantástico atirado pela janela do cortiço e a última porta fechada às 4 da madrugada e o último telefone arremessado contra a parede em resposta e o último quarto mobiliado esvaziado até a última peça de mobília mental, uma rosa de papel amarelo retorcida num cabide de arame do armário e até mesmo isso imaginário, nada mais que um bocadinho esperançoso de alucinação - ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não estarei a salvo e agora você está inteiramente mergulhado no caldo animal total do tempo - e que por isso correram pelas ruas geladas obcecados por um súbito clarão da alquimia do uso da elipse do catálogo do metro & do plano vibratório que sonharam e abriram brechas encamadas no Tempo & Espaço através de imagens justapostas e capturaram o arranjo da alma entre 2 imagens visuais e reuniram os verbos elementares e juntaram o substantivo e o choque de consciência saltando numa sensação de Pater Omnipotens Aeterni Deus, para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana e ficaram parados à sua frente, mudos e inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados todavia expondo a alma para conformar-se ao ritmo do pensamento na sua cabeça nua e infinita, o vagabundo louco e Beat angelical no Tempo, desconhecido mas mesmo assim deixando aqui o que houver para ser dito no tempo após a morte, e se reergueram reencarnados na roupagem fantasmagórica do jazz no espectro de trompa dourada da banda musical e fizeram soar o sofrimento da mente nua da América pelo amor num grito de saxofone de eli eli lama lama sabactani que fez com que as cidades tremessem até seu último rádio, com o coração absoluto do poema da vida arrancado para fora dos seus corpos bom para comer por mais mil anos.
terça-feira, 17 de outubro de 2006
No Cemitério de Montparnasse
* a tumba de Julio Cortázar
* a tumba de Charles Baudellaire
* a tumba de Susan Sontag
* a tumba de Samuel Becket
* a tumba de Jean Paul Sartre
* a tumba de Simón de Beauvoir
No Cemitério Père Lachaise
* a tumba de Frederic Chopin
* a tumba de Jim Morrison
* a tumba de La Fontaine
* a tumba de Sarah Bernhardt
* a tumba de Marcel Proust
* a tumba de Molière
* a tumba de Honoré de Balzac
No Barrio Latino
* a tumba de Voltaire
* a tumba de Rousseau
* a tumba de Víctor Hugo
Só em Paris posso morrer tranqüilo.
* a tumba de Julio Cortázar
* a tumba de Charles Baudellaire
* a tumba de Susan Sontag
* a tumba de Samuel Becket
* a tumba de Jean Paul Sartre
* a tumba de Simón de Beauvoir
No Cemitério Père Lachaise
* a tumba de Frederic Chopin
* a tumba de Jim Morrison
* a tumba de La Fontaine
* a tumba de Sarah Bernhardt
* a tumba de Marcel Proust
* a tumba de Molière
* a tumba de Honoré de Balzac
No Barrio Latino
* a tumba de Voltaire
* a tumba de Rousseau
* a tumba de Víctor Hugo
Só em Paris posso morrer tranqüilo.
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
A Politica dos Macacos
Lula está 12 pontos na frente de Alckmin, diz o Ibope. Votei em branco no primeiro turno: são todos iguais. Ele deixou isso bem claro nos quatro anos do seu Governo, prometia ser uma NOVA era na politica brasileira. Agora Alckmin retoma o discurso do PT de quatro anos atrás, o discurso da ética. Tanto faz, na dúvida aposto na renovação.
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