quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
E não só os trabalhadores, mas também as classes que os exploram diretamente ou indiretamente, que são escravizadas pelos instrumentos de suas atividades, como resultado da divisão de trabalho: os burgueses mesquinhos, por seu capital e desejo por lucro; o advogado pelas idéias jurídicas ossificadas que o governam como uma força independente; ‘as classes educadas’ em geral, por suas limitações locais particulares e unilaterais, suas deficiências físicas e miopia espiritual. Estão todos mutilados pela educação que os treina para uma certa especialidade, pela escravização vitalícia a esta especialidade, até mesmo se esta especialidade é fazer absolutamente nada.
Friedrich Engels
Carta de Despedida
A Fidel Castro
Havana. "Ano da Agricultura"
Fidel:
Neste momento recordo muitas cousas: quando te conhecim em casa da Maria Antónia, quando me propugeche acompanhar-te, toda a tensom dos preparativos.
Um dia passárom perguntando a quem se devia avisar em caso de morte, e a possibilidade real do facto chocou-nos a todos. Depois soubemos que era certo, que numha revoluçom se triunfa ou se morre, se é verdadeira, e muitos companheiros ficárom ao longo do caminho para a vitória.
Hoje todo tem um tom menos dramático porque estamos mais maduros, mas o facto repete-se. Sinto que cumprim a minha parte do dever que me ligava à revoluçom Cubana no seu território e despido-me de ti, dos companheiros, do teu povo, que é já o meu.
Renuncio formalmente aos meus cargos na Direcçom do Partido, ao meu posto de ministro, ao meu grau de comandante, à minha condiçom de cubano. Nada legal me liga a Cuba, só laços de outra classe, que nom se podem partir como as nomeaçons.
Ao rever a minha vida passada, creio ter trabalhado com suficiente honestidade e dedicaçom para consolidar o triunfo revolucionário. O meu único erro com algumha gravidade foi nom ter confiado mais em ti desde os primeiros momentos da Sierra Maestra, e nom ter compreendido com celeridade suficiente as tuas qualidades de dirigente e de revolucionário.
Vivim dias magníficos e sentim ao teu lado o orgulho de pertencer ao nosso povo nos dias luminosos e tristes da Crise das Caraíbas. Poucas vezes brilhou mais alto um estadista que nesses dias; orgulho-me também de te ter seguido sem vacilar, identificado com a tua maneira de pensar e de ver e apreciar os perigos e os princípios.
Outras serras do mundo reclamam o concurso dos meus modestos esforços. Eu podo fazer o que te está negado pola tua responsabilidade à frente de Cuba e chegou a hora de separar-nos.
Saiba-se que o fago com umha mescla de alegria e dor: aqui deixo o mais puro das minhas esperanças de construtor e o mais querido entre os meus seres queridos, e deixo um povo que me admitiu como um filho; isso lacera umha parte do meu espíritu; aos novos campos de batalha levarei a fé que me inculcache, o espírito revolucinário do meu povo, a sensaçom de cumprir com o mais sagrado dos deveres: luitar contra o imperialismo onde quer que se encontre; isto reconforta e cura amplamente qualquer afliçom.
Repito mais umha vez que liberto Cuba de qualquer responsabilidade, salvo a que emana do seu exemplo; que se a hora definitiva me chega sob outros céus, o meu último pensamento será para este povo e especialmente para ti; que che digo obrigado polos teus ensinamentos e polo teu exemplo, ao que tentarei ser fiel até as últimas conseqüências dos meus actos; que estivem sempre identificado com a política externa da nossa Revoluçom, e continuo a estar; que onde quer que me detenha sentirei a responsabilidade de ser revolucionário cubano, e como tal actuarei; que nom deixo aos meus filhos e à minha mulher nada material e nom me apena: alegra-me que assim seja. Que nada pido para eles, pois o estado dará-lhes o suficiente para viver e educar-se.
Teria muitas cousas que dizer a ti e ao nosso povo, mas sinto que nom som necessárias as palavras e nom podem expressar o que eu desejaria; nom vale a pena deitar mais borrons no papel.
Até a vitória sempre. Pátria ou morte!
Abraça-te com todo o fervor revolucionário,
Che
Zaragoza, Ivald Granato e Raul Seixas
Metrô Linha 743
Raul Seixas
Ele ia andando pela rua meio apressado
Ele sabia que tava sendo vigiado
Cheguei para ele e disse: Ei amigo, você pode me ceder um cigarro?
Ele disse: Eu dou, mas vá fumar lá pro outro lado
Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado!
Disse: O prato mais caro do melhor banquete é
O que se come cabeça de gente
Que pensa e os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensam
Porque quem pensa, pensa melhor parado.
Desculpe minha pressa, fingindo atrazado
Trabalho em cartório mas sou escritor,
Perdi minha pena nem sei qual foi o mês
Metrô linha 743
O homem apressado me deixou e saiu voando
Aí eu me encostei num poste e fiquei fumando
Três outros chegaram com pistolas na mão,
Um gritou: Mão na cabeça malandro, se não quiser levar chumbo quente nos cornos
Eu disse: Claro, pois não, mas o que é que eu fiz?
Se é documento eu tenho aqui...
Outro disse: Não interessa, pouco importa, fique aí
Eu quero é saber o que você estava pensando
Eu avalio o preço me baseando no nível mental
Que você anda por aí usando
E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando
Minha cabeça caída, solta no chão
Eu vi meu corpo sem ela pela primeira e última vez
Metrô linha 743
Jogaram minha cabeça oca no lixo da cozinha
E eu era agora um cérebro, um cérebro vivo à vinagrete
Meu cérebro logo pensou: que seja, mas nunca fui tiéte
Fui posto à mesa com mais dois
E eram três pratos raros, e foi o maitre que pôs
Senti horror ao ser comido com desejo por um senhor alinhado
Meu último pedaço, antes de ser engolido ainda pensou grilado:
Quem será este desgraçado dono desta zorra toda?
Já tá tudo armado, o jogo dos caçadores canibais
Mas o negócio aqui tá muito bandeira
Dá bandeira demais meu Deus
Cuidado brother, cuidado sábio senhor
É um conselho sério pra vocês
Eu morri e nem sei mesmo qual foi aquele mês
Ah! Metrô linha 743
Open your eyes Leary: Turn On, Tune In, Drop Out!
Timothy Leary, O Guru do LSD. Ou como bem descreveu Richard Nixon: O homem mais perigoso da America. Sua primeira experiência psicodélica foi no verão de 1960 durante férias no México, com cogumelos alucinógenos conhecidos como Psilocybin. As horas sob efeito do cogumelo foram tão intensamente reveladoras a ponto de Leary ter convencido o Departamento de Psicologia de Harvard a iniciar uma pesquisa administrando Psilocybin a estudantes.
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